segunda-feira, 13 de abril de 2009

Foi-se a época em que o soutien sustentava


Da queima de valores em praça pública à discussão de políticas efetivas para a convivência com as diferenças de gênero


Ontem, gestos irreverentes eram dribles para contestar o posicionamento social, as mudanças em curso e a tradicionalidade que não comportava mais a inquietação da mulher; hoje, no entanto, o diálogo acerca das questões femininas vai muito além das tentativas subversivas a fim de alcançar a igualdade entre homens e mulheres.

Por que, então, optar pela equidade, já que os gêneros são essencialmente diferentes? A questão agora é um pouco mais refinada. O olhar converge para os pontos incomuns entre um e outro; da força física à maternidade, tudo samba na transversal. Já aprendemos, mulheres e homens, a respeitar tudo isso. A vedete, já cansada, pede para divergir: a diferença requer atenção exclusiva. Eu, um; ele(a), outro.

Donas Maria da Penha, por fim, lutam pela punição do abuso da força física, desrespeitosa e vil. Enquanto isso, as marias também apóiam outras marias, que se associam para obterem o respeito à diversidade sexual, lésbica e marginalizada. “Somos mulheres e, além disso, lésbicas. Queremos respeito duplo porque a mulher ainda não é totalmente respeitada, quiçá as lésbicas”, exigiu uma das marias, militante do Movimento de Mulheres Negras Lésbicas.

Para garantir essas e outras façanhas, torna-se, portanto, inerente a articulação política nas esferas estaduais e municipais. Políticas públicas para a mulher são cada vez mais reivindicadas. Bancadas femininas se formam pelo Brasil a fora com o objetivo de discutir temas complexos.

Na semana de comemorações que marcaram o Dia Internacional da Mulher, o Legislativo mineiro salientou a feminização da Aids, tema conduzido pela Bancada Feminina da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que, vergonhosamente, ocupa sete cadeiras – parlamentares do sexo feminino – num universo de 77. A questão nos conduz à representatividade feminina nos espaços de poder, que tem aumentado, no entanto, timidamente.

A saída para o sorriso amarelo, não obstante importantíssima, é a criação de conselhos municipais da mulher orientados pelos conselhos estaduais. Ocupando-se da questão mineira, alguns municípios de pequeno porte, por sua vez os mais carentes, não têm conselhos municipais da mulher, sendo que a criação desses conselhos é garantida pelas legislações Estadual e Municipal.

Sobre a atuação nos conselhos, há ainda mulheres que relatam a participação interesseira (subentende-se eleitoreira) de algumas personalidades que não objetivam a orientação da mulher, baixo-estimada e desvalorizada, muitas vezes pelo marido e, cruelmente, filhos. Em suma, após inúmeras conquistas, encontra-se o gênero feminino ainda com o pé na estrada. Mais sapato (salto!) e muita luta, na qual o soutien, antes símbolo, transmuta-se em argumento.





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A ex-presidente do Conselho Municipal de Jaboticatubas, Cristiane Sabino, esclareceu ao MulherMedeia a função dos conselhos da mulher









Mulher em quadrinhos, por Roy Lichtenstein



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